-Procurando a Lily? Ela sumiu? – pergunta Tyler.
-Max deixou ela fugir. –responde Luke.
-Por que estamos nos referindo à Lily como se ela fosse um
cachorro? – questiona Paloma.
-Sem tempo para explicar, só venham com a gente. – eu digo
já me afastando do grupinho.
Então, minha noite está assim: eu tinha brigado com Lily,
encarado o frio, encontrado Luke, invadido uma festa e agora eu estava no meio
de Glendale quase congelando com outras três pessoas atrás de mim. E eu não sei
qual é a parte boa.
Consigo ouvir os três conversando atrás de mim. Luke está
contando uma versão exagerada da “Operação Festa da Liv”, que é o nome que ele
deu.
Avisto as luzes do próximo bar no nosso mapa imaginário e um
pouquinho de esperança parece me aquecer. Aumento a velocidade dos passos e logo
chego em frente à porta. Respiro fundo e entro.
O lugar está cheio e meus ouvidos são invadidos pelo som da
vida noturna. Risadas, gritos, música alta e o bater de copos. Todos ali
parecem felizes. Olho para todos os lados e então Luke salta na minha frente,
seu sorriso enorme e brilhante no rosto.
-Hey, por que correu na frente? –pergunta ele.
O empurro para o lado e dou mais alguns passos, dando ordens
enquanto faço isso:
-Vai olhar no bar, mande Paloma para checar o banheiro e Tyler
deve ir rondar as mesas. –digo, provavelmente soando mais malvado do que eu
esperava.
-E você vai fazer o que?
-Vou olhar nos fundos.
Eles fazem o que peço e eu abro caminho até os fundos do
bar.
É escuro, mas não é um breu. Há algumas caixas e bancos, mas
a maioria do que tem ali são cacos de vidro, cigarros velhos, garrafas vazias e
cheiro de cerveja. Não é o tipo de lugar que Lily gostaria de ficar. Me viro
para ir embora, quando ouço um barulho.
É no canto mais escuro dali. Me aproximo, sem ter certeza do
que faço.
-Hum.. olá? –digo.
-Sai daqui. –recebo em resposta.
É uma voz de adolescente. Um garoto.
-Está tudo bem? Precisa de ajuda?
-Apenas saia daqui. –consigo ouvir o desespero em sua voz.
Não sei se devo realmente sair ou se devo ficar e descobrir o que havia de
errado.
Dou mais alguns passos em direção ao garoto e finalmente
consigo enxerga-lo. Está sentado com os braços cruzados, mas não parece bravo.
E sim, com medo. Seus olhos me dizem que quer ficar sozinho, mas o tom de sua
voz não deu essa impressão.
-Qual seu nome? –pergunto.
Ele não responde. Se encolhe um pouco mais e eu suspiro. Me
sento um pouco afastado, no chão.
-Eu sou Max. Minha noite não está boa também. Se me disser
seu nome, posso te contar mais.
Ele hesita, mas finalmente cede.
-Hayden.
-Legal te conhecer, Hayden. –sorrio, mas não tenho certeza
se ele consegue me ver. – Briguei com minha namorada mais cedo e agora estou
sendo seguido por três loucos, tentanto encontra-la. Mas não posso espanta-los,
pois são meus amigos.
Ele dá um risinho.
-Acha que pode me ajudar com isso? –indago, mais por
brincadeira.
-Talvez eu possa. –ele diz, mas parece estar convencendo a
si mesmo. –É, eu posso te ajudar.
-Ótimo! Então vem comigo, vou te apresentar aos meus amigos.
Levanto e espero o garoto fazer o mesmo. Ele aparece na luz
e finalmente percebo que seu rosto está vermelho. Ele estava chorando. Seu
cabelo bagunçado, olhos brilhantes e pele clara. Não tinha mais que dezoito
anos.
-Vamos lá, Hayden. Temos que achar a Lily.
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