Find Her // Capítulo 1

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-Você me dá nojo! – grita Lily enquanto sai do apartamento e bate a porta atrás dela.
Me jogo no sofá, em uma tentativa de me acalmar. Era a quinta briga  em um mês e eu estava realmente cansado. Lily podia ser um pé no saco às vezes. Depois de um minuto, levanto e visto um casaco, pronto para ir atrás dela. 

É nesse tipo de situação em que me arrependo de viver no último andar de um prédio com o elevador quebrado. Tenho que descer cinco lances de escada toda maldita manhã. E esta noite, me arrependo ainda mais.
Ao descer, quase caio duas vezes. Também dou um encontrão com Sra. Martin do andar de baixo, que grita para eu ter mais cuidado. Dou pouca importância, tenho algo mais importante pra fazer.
Finalmente chego à rua, que está quase deserta a não ser por uns poucos carros estacionados e alguns adolescentes na calçada. Olho para todos os lados procurando por Lily, mas ela não está lá. Passo as mãos pelo cabelo tentando pensar.
Já está tarde, frio e vai esfriar mais. Além disso, Glendale é grande demais para andar a pé. Tenho um carro, claro, mas pega-lo gastaria mais tempo, tempo que não tenho. Jogo tudo pro ar e decido começar a procurar por ela no lugar mais óbvio: sua casa. 
Fica a três quarteirões do meu prédio, então ando calmamente até chegar lá. Ensaio meu discurso na cabeça sabendo que seria difícil convence-la a me perdoar. Mal percebo um degrau na calçada e quase caio, mas sou amparado por alguém.
-Cara, tome cuidado ou vai acabar perdendo esse seu nariz perfeitinho. – escuto.
Olho para cima e vejo que é meu amigo Luke, que trabalha no bar a algumas quadras.
-Sinto muito, Luke. Obrigado, mas tenho que ir.
Dou alguns passos rápidos, mas percebo que Luke vem atrás de mim.
-Por que a pressa, garotão? A noite é longa.
“É, definitivamente bem longa” penso.
-Tenho que encontrar Lily.
-Por quê? Você a perdeu no supermercado?
-Não, ela foi embora e eu não sei onde está.
Ele se cala e eu dou graças a Deus por isso. Andamos lado a lado por minutos.
-Vai mesmo vir comigo? –pergunto.
-Vou. Não tenho nada melhor pra fazer e isso parece interessante.
Luke enfia a mão no bolso da calça e tira de lá um pacote de chicletes. Me oferece, mas nego.
-Já lhe disse que detesto chicletes.
-E eu já te disse que odeio seu ódio por chicletes.
Mais minutos se passam sem que nenhum de nós diga nada e começamos a nos aproximar da rua de Lily. Luke dá uma risadinha e tenta disfarçar com tosse.
-Do que está rindo? – pergunto.
-Você é muito óbvio, sabia? – olho para ele sem entender – O que te faz pensar que Lily voltou para casa?
-O que te faz pensar que ela foi para outro lugar?
-Como barman, sei que as pessoas nunca voltam para casa depois de uma briga.
-E para onde elas vão?
-Para um bar, é claro.
Reviro os olhos. Luke pode ser bem irritante quando quer.
-Vamos começar por aqui, tentamos os bares depois.
Abro a porta com a chave extra e entro. Não a vejo na sala de estar. Nem nos quartos, ou banheiros. Suspiro e sento em uma cadeira da cozinha. Luke aparece e abre o armário.
-O que está fazendo?
-Ela não tem chocolate em casa?
-Lily não gosta de chocolate.
-Mas que tipo de pessoa não gosta de chocolate?! Termine com ela, Max. Estou falando sério!
-Cale a boca, por favor. Vem, vamos embora.
Uma vez fora da casa, tranco a porta e paro na calçada, com Luke ao meu lado.
-Então, em qual bar você quer ir primeiro? – pergunta ele.


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